
Algumas décadas atrás, quando as pessoas costumavam falar umas com as outras e não através de aplicativos, era comum reunir-se na cozinha. Na realidade esse é um hábito herdado, salvando as devidas diferencias, do comportamento praticado pela humanidade há séculos porque era ao redor do fogo que os primeiros esboços de família e sociedade começaram a tomar forma.
Ao redor do fogo, comunidades pré-históricas sentiam-se, e de fato estavam protegidas de predadores ferozes e do frio implacável. Quando essas comunidades desenvolveram mecanismos de comunicação, foi ao redor do fogo que se agregavam para decidir questões relevantes ao grupo e foi através do controle do fogo que essas mesmas comunidades evoluíram para tornar-se sociedades próximas às que conhecemos hoje.
A evolução trouxe junto um mar de complexidades intensificadas por uma série de eventos trágicos ou transformadores e o ser humano, que antes se preocupava unicamente em fugir de predadores e do frio, precisou, claro, de conforto e acolhimento. A esta altura, muito provavelmente você deve ter sido tocado por alguma lembrança, tal vez da época da sua infância e essa é uma associação lógica já que para a grande maioria, o alimento, e consequentemente o espaço dedicado ao seu preparo, propiciaram-lhe momentos de acalento. Se foi assim com você, fico muito feliz. Se não, nunca é tarde para se aventurar nas panelas e nos relacionamentos. Tente!
Voltando à era digital, em que as pessoas conversam por aplicativos e se alimentam através de aplicativos, é interessante acompanhar como as casas e apartamentos se adaptaram as mudanças comportamentais e como a necessidade do ser humano de continuar sendo o que é realmente na sua essência, teima em resgatar o protagonismo das cozinhas. Talvez para ser mostradas através de redes sociais, eu sei, eu sei, mas elas estão aí, mostrando o poder que continuam tendo nas nossas vidas.
A cozinha da Petra, as cozinhas por onde passei, a sua cozinha...
Antes de refletir sobre isto, pensava em escrever sobre o que é administrar uma cozinha consciente e as diferenças tênues mais presentes, entre uma cozinha consciente e uma cozinha sustentável. A partir da quarta linha desta postagem, no entanto, lembrei de algumas coisas interessantes que tinha lido sobre o ato de cozinhar e sobre as cozinhas em geral, lembrei também da minha avó Petra e sua cozinha gigante que dava para o quintal onde papagaios, jabuti, cachorros e netos podiam ficar à vontade, lembrei das inúmeras cozinhas por onde passei, nessa minha jornada nada linear e por vezes turbulenta, e senti vontade de dividir minhas impressões ao respeito.
Nesta fase, ao menos por enquanto, é na cozinha onde tudo acontece. Diferentemente da cozinha da minha avó Petra, o acesso é super restrito e é o único lugar no qual meu amor peludo, de quarenta e três quilos e meio não entra. Ainda assim, é o meu lugar, lugar de flores e música, lugar de correria, de aprendizado e de recomeço. É o lugar onde a Grão Snacks tomou forma e se desenvolve, feito erva aromática cultivada em horta caseira. Lentamente e paparicada, para crescer direitinho.
Espero que você tenha experiências e memórias de cozinhas próprias ou próximas cheias de afeto e que elas se multipliquem. Caso queira compartilhá-las comigo, por favor, fique a vontade, vai ser uma alegria imensa conhece-las!
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